terça-feira, 8 de novembro de 2011

Um Homem e uma mulher




Por: Fabiana Ratti


Vamos a um filme de amor. Um clássico dos anos 60: Um Homem e uma mulher. Um belíssimo filme Francês dirigido por Claude Lelouch, narra o romance entre o piloto de corridas Jean-Louis Duroc e Anne Gauthier. Os dois têm os filhos no mesmo colégio interno e se encontram nos finais de semana, dia de visita. Ambos têm a particularidade de, mesmo jovens, serem viúvos recentes. Um dia Anne perde o trem que a leva de volta a casa e Jean-Louis lhe dá uma carona. Começa assim uma paquera e futuramente um romance.

As sequências acompanham aquela expectativa plácida dos primeiros momentos de um casal: um olhar, um gesto, um beijo. Lelouch soube capturar as ansiedades, os medos e as emoções que duas pessoas que estão começando um romance sentem, sobretudo, duas pessoas já acometidas por uma tragédia pessoal do falecimento de seus respectivos companheiros. Os atores transmitem grande sensibilidade, através de excelentes interpretações e expressam uma frase, também clássica, de Sigmund Freud “...as pessoas nunca abandonam de bom grado uma posição libidinal, nem mesmo, na realidade, quando um substituto já se lhes acena.” O grande impedimento para que o romance seja viabilizado é que o aparelho psíquico ainda investe, fica ligado nas cenas e emoções do passado, do ente querido, não havendo espaço, naquele momento, para o investimento na realidade presente.

Ao assistir ao filme, vi uma entrevista com o cineasta que descrevia as dificuldades e as situações inusitadas que aconteceram durante a filmagem e uma frase me chamou a atenção. Ele disse que queria filmar a sensação de “faire l'amour tout seule”, pois não existia algo pior do que ‘fazer amor sozinho’. Estar biologicamente no ato, não significa que a pessoa está numa posição de investimento libidinal naquele ato. E, isto, Lelouch e seus grandes intérpretes conseguiram capturar com maestria, trazendo a baila esta evidência clínica freudiana: o quanto o ser humano fica ligado em fantasias e emoções nostálgicas, de um passado que não tem como se tornar presente e deixa de usufruir, saborear e investir em oportunidades presentes que poderiam construir um belo futuro. Uma situação clássica das relações humanas!

Un Homme et Une Femme
Drama/
FRA/1966
Direção: Claude Lelouch
Elenco :
Anouk Aimée -  Anne Gauthier
Jean-L.Trintignant  -
Jean-Louis Duroc



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