segunda-feira, 12 de junho de 2017

Winter, O Golfinho





Winter, O Golfinho (2011) é um filme norte americano dirigido por Charles Martin Smith. É um filme como poucos... divertido, alegre e emocionante. Ele consegue falar sobre um tema bastante difícil para a nossa sociedade, a inclusão. O filme é baseado em fatos reais: Winter, o golfinho, foi encontrado em 2005, enroscado em uma armadilha de caranguejo, numa praia da Flórida e levado para o Clearwater Marine Aquarium, um Hospital de criaturas marinhas. Por ter ficado tanto tempo enroscado, é preciso amputar sua cauda, dificultando sua forma de nadar.

No filme, ele é encontrado por Sawyer, um menino de 11 anos, solitário e sem nenhuma motivação para os estudos. Sawyer estabelece uma singular relação de amizade com o golfinho, começa a frequentar o Hospital e uma nova vida se abre para ele.

Com o tempo, a equipe percebe que algo precisa ser feito pois a forma com que Winter nada a prejudica, atingindo sua vértebra de maneira a possivelmente matá-la no futuro. Novamente o menino Sawyer busca uma solução para o querido golfinho. Sawyer tem um primo que, no exército, perdeu um pé e colocou uma prótese. O menino foi conversar com a pessoa que faz próteses e criam uma solução de prótese para o golfinho.

A trama não se restringe a isso. Paralelamente, o Hospital Marinho está quase para fechar, sem verba para continuar tratando os animais enfermos. Muito possivelmente uma construtora comprará o terreno para novos empreendimentos.

Novamente a solução vem de Sawyer. Uma festa de arrecadação de verba para Winter e sua prótese arremata todos os pontos da trama. Winter e sua prótese ficam famosas. Saem nos jornais e TVs. Muitas crianças com prótese querem conhecê-la. A construtora percebe um filão lucrativo unido à cidadania.

Smith, o diretor do filme, consegue o que poucos conseguem. Falar de amputação de membros, reabilitação e acesso a cadeirantes, sem cair em discussões piegas, ao contrário, deixa o filme leve, alegre e emocionante. Com a ajuda dos ótimos atores, consegue colocar um menino como ator principal da trama sem efeitos especiais hollywoodianos. Pelo contrário, Sawyer tem crises de consciência, fragilidades e age como um simples menino, inteligente e interessado, mas um menino, o que dá maior veracidade para a trama. No começo, podemos ver que Sawyer tinha tudo para ser o que, nos Estados Unidos, chamam de loser. Não tinha amigos, vivia sozinho e ia mal na escola. Então, o filme aponta algo bem psicanalítico. Quando o sujeito encontra o seu desejo, ele se transforma! Sawyer tem talento com animais marinhos. Tem jeito e interesse. A partir disso, sua “máquina humana” põe-se a funcionar. Sawyer passa a ter ideias, criatividade, dedicação; estuda, faz laço social, batalha, vive!

Em Winter, o Golfinho 2, a aventura continua tão emocionante quanto antes. O filme consegue discutir a inclusão de pessoas e animais com necessidades especiais, além da inclusão psíquica. No segundo filme, Winter passa por um período de depressão pois sua companheira de aquário falece e assim, novas conquistas são necessárias. Sempre com ética, ressalta o diretor do aquário, em uma das mais belas cenas em que um golfinho, após o tratamento, é liberado ao mar e tem a alegria de nadar naquela imensidão, reencontrando seu cardume.


Um filme emocionante que fala de amizade, companheirismo, trabalho e dedicação. Fragilidades, dificuldades e superações. Merece ser visto!

Por: Fabiana Ratti, psicanalista