quarta-feira, 29 de abril de 2020

Semana Molière no Artes e Debates

Molière - dramaturgo, ator e encenador francês (1622-1673) - escreveu mais de 30 peças, todas elas criticando a sociedade, a hipocrisia e os costumes inúteis.  


"Doente Imaginário" um dos melhores títulos para a psicanálise. Essa encenação do grupo Galpão mostra o quanto temos de doentes imaginários, doentes psíquicos pelo mundo... que se confunde com doenças biológicas e então não buscam o tratamento que seria melhor para o aparelho psíquico e continuam dando trabalho para os familiares, para as pessoas em volta e o sistema de saúde. 

Don Juan - O clássico conquistador que temos em diversas sociedades que arrasa o coração das moças com frases de efeitos psicológicos... Molière faz com maestria apontando hipocrisias e mentiras que nossa sociedade ajuda a construir...


 Escola de Marido e Escola de Mulheres mostram tradições e costumes da época. Século XVII, outra relação com os costumes homem e mulher que Molière já criticava e ridicularizava naquela época. 

A psicanálise que surge no século XX trabalha para que as pessoas consigam traduzir em palavras o que sentem e consigam se colocar, se posicionar, sem cair  em armadilhas imaginárias... doenças, amores e situações sociais desnecessárias.

terça-feira, 7 de abril de 2020

A Vida é Bela de Benigni e O Covid-19



A comédia dramática A Vida é Bela (1997) do Italiano Roberto Benigni se passa na
Segunda Guerra Mundial e narra a vida de Guido Orefice, um judeu dono de uma livraria na Itália fascista. Ele é levado para o campo de concentração em Berlim junto com seu filho pequeno e para suavizar a vida de seu filho, brinca que aquilo é um jogo.

Em 1997, quando assisti, senti que a 1ª parte do filme era maravilhosa e a segunda parte grotesca, de mal gosto, como brincar daquele modo com uma situação tão séria, onde morreram tantas pessoas de forma tão violenta?!

A psicanálise é um exercício de reflexão que muda a realidade. A reflexão faz com que a gente  veja e entenda as situações e o mundo de uma forma diferente, ressignifica o passado dando um outro sentido para nossas ações e decisões.

Foi o que aconteceu com esse filme para mim... 23 anos depois. Agora, neste momento histórico, tenho lembrado muito desse filme... Na época, não tinha filhos, hoje, com duas crianças entendo melhor a questão de um pai em querer suavizar a realidade...

A negação é um processo psicológico que nos impede de ver muitas coisas, às vezes, trazendo grandes prejuízos, outras, nos salva... Guido Orefice conseguia “negar a realidade”, obedecendo à realidade. Incluía regras e restrições, chatices e penúrias, com muito bom humor.  

Hoje, sem saber o futuro... as consequências e transformações pelas quais passaremos... sabemos que a Vida é Bela, que todos querem continuar vivendo... que queremos que quem amamos vivam conosco... e o humor, misturado com o faz de conta, torna sim a Vida mais Bela, e mais leve de ser vivida...

Nesses anos todos, jamais pensei que um dia diria isso, mas esse filme mereceu o Cannes, o David Di Donatello e todos os Oscares que ganhou. Para além dos fatos históricos, nossa estória somos nós quem a escrevemos...

Por: Fabiana Ratti, psicanalista