segunda-feira, 27 de janeiro de 2020

Perversões em debate



              William Bouguerreau (1825-1905) The Oreads (1902)
                                            

Neste ano de 2020 faremos um grupo de estudos sobre perversão de sexta feira às 14hs e vou esclarecer aqui algumas razões de porque estudar as perversões:

1 – Ao estudar as perversões, estudamos as outras estruturas: neurose e psicose. Das estruturas propostas por Freud: neurose, psicose e perversão; a perversão é a menos estudada, e ao fazer isso, sempre fazemos referência à neurose, a qual Freud mais se dedicou e à psicose, a qual Lacan trouxe grandes avanços.

2 – O segundo motivo para estudar as perversões é que muitos ainda colocam o perverso somente como aquele absoluto carrasco que açoita seu parceiro com chicote na cama. O restante não é perverso. Isso é o mesmo que dizer que a histérica deveria ser ainda hj aquela que em 1900 fazia conversão somática e ficava paralisada na metade do corpo, ou cega, ou falava em outra língua. Existem vários mitos em relação ao perverso. E isso se dá por falta de estudo. Por falta de avanço teórico e discussão clínica. Frases como: “o perverso não procura atendimento”. “não existem mulheres perversas.” Ou mesmo a concepção de que eles seriam somente este carrasco estereotipado. Todos esses são mitos por falta de estudo. Os sintomas mudam conforme o passar do tempo, temos de acompanhar a perversão.

3 – O terceiro motivo seria porque podemos dizer que existe a estrutura perversa, mas hj em dia discute-se muito: o empuxo à perversão, o perverso polimorfo, acting out perverso, a posição perversa, o modo de gozo perverso. Ou seja, a perversão não está lá excluída, longe e distante. Ela está no dia a dia, na clínica, na política, nas relações sociais, mesmo que o sujeito não tenha uma estrutura perversa, suas faces e nuances estão na sociedade e é preciso estudar para manejá-la.   

4 – O quarto motivo é que estamos construindo uma sociedade cada vez mais perversa. Então, além da clínica, precisamos articular com a sociedade, com a política. E a lógica da perversão é o desmentido, a negação: eu vi, mas não vi a lei. Eu vi, mas vamos brincar que não vi. Isso acontece direto em nossa sociedade atual e precisamos discutir, nos posicionar frente a isso.

Vamos estudar... venham participar... Assim como Freud enfrentou o saber médico e construiu a metodologia da psicanálise a partir das neuróticas; assim como Lacan trouxe grandes contribuições para a psicose, não deixando apenas para o ramo da psiquiatria, apresentando uma nova forma de atuação clínica; agora é o momento de não recuarmos ante à perversão e elaborarmos novos manejos compatíveis com o século XXI, usufruindo constructos vindos de Freud e Lacan sobre esse saber.

Por: Fabiana Ratti, psicanalista.

Grupo de estudos: Perversões em debate






psicanálise de Freud a Lacan


Que a crueldade e a pulsão sexual estão intimamente correlacionadas é-nos ensinado, acima de qualquer dúvida, pela história da civilização humana...” Freud, 1905, p.150. Três ensaios sobre a sexualidade infantil.

Mas é exatamente neste frígido e repugnante semidesespero, nesta semicrença, neste consciente enterrar-se vivo, por aflição, no subsolo ...; nesta situação intransponível criada com esforço e, apesar de tudo, um tanto duvidosa, em toda esta peçonha dos desejos insatisfeitos que penetraram no interior do ser.” Dostoievski, Notas de um subsolo


Psicanalista: Fabiana Ratti
Assistentes: Jessica Olivieri e Guilherme Figueiredo

Toda sexta feira – a partir de 6 de março de 2020 das 14h às 15:30h.
Local: Rua Cônego Eugênio Leite, 933 cj 75. Pinheiros
Whatasapp (11) 999558857
Site: fabianaratti.com.br insta: fabianaratti



quarta-feira, 15 de janeiro de 2020

“Além do Princípio do Prazer”, Freud (1920-2020).





Neste ano faremos uma grande festa em comemoração
aos 100 anos do texto:

“Além do Princípio do Prazer”, Freud (1920-2020).

Venham participar!

Neste texto revolucionário Freud apresenta os conceitos:

- Pulsão de vida e de morte
- Compulsão à repetição
- Estado de inércia psíquica

- Passou assim para a segunda tópica do aparelho psíquico e nos comunicou que ficar só no prazer é muito pouco... existe algo além!!!


segunda-feira, 13 de janeiro de 2020

Amar não tem preço e a posição feminina para Lacan



 
Amar não tem preço (2006) é um filme francês dirigido por Pierre Salvadori e estrelado pela bela e talentosa Audrey Tautou. Irène (Tautou) é uma jovem interesseira que vive aplicando golpes em senhores mais velhos e endinheirados com o intuito de subir ao altar, mas sempre comete gafes, atos falhos, que a impedem de alcançar "seu objetivo". Até que encontra um jovem simples e o amor fala mais alto.

Irène passa a dar aulas a Jean (Geld Elmaleh) excelente ator marroquino, de como “tirar” dinheiro e seduzir os mais velhos. Ela dá aulas sobre a posição feminina, discutida por Lacan no Seminário XX. Irene nunca bate de frente, suspira e fala frases que ficam pela metade, deixa seu desejo subentendido por entre linhas... frases que deixam o desejo em aberto.

Je voudrais...
Je voulais...
I wish...
I would like...
I would love...
Eu gostaria...
Eu adoraria...

No discurso masculino, aparece muito no divã o quanto as mulheres são chatas, reclamam, batem de frente, voltam na mesma tecla, querem tudo do jeito delas... Irene dá uma aula sobre a posição feminina. Como conseguir todos os seus desejos com um sorriso no rosto, gestos delicados e muito suspiro...

Quando, na adolescência, lia Conan Doyle, ele já avisava que Sherlock Holmes e seu arqui-inimigo Moriarty tinham as mesmas características, as mesmas habilidades. A grande diferença é que um utilizava essas habilidades para o crime e o outro para resolvê-los, ajudando a Scotland Yard e a nação.

O filme apresenta essa mesma questão para a posição feminina, dando ao sujeito a liberdade de escolha, de que forma atingir seus objetivos e utilizar suas habilidades.

Lacan, nesta mesma linha, aponta a diferença entre fazer sintoma (ficar reclamando, chorando, mandando) e Saber Fazer com a vida..., com estilo, com talento, direcionar a vida e as situações de maneira gentil e inteligente... Se for por amor, aí então, não tem preço!!

Fica a dica!

Por: Fabiana Ratti, psicanalista.