quarta-feira, 29 de junho de 2011

Francisco Gaspar em "A Montanha"

 

A luta dos pracinhas

O filme "A Montanha" mostra as agruras vividas pelos soldados brasileiros na Segunda Guerra Mundial e a integração racial do pelotão

Por Ivan Claudio da IstoÉ - Confira!

Minhas tardes com Margueritte



                                                                                                        Por  Laís Olivato

O filme dirigido por Jean Becker trata do encontro de Germain (Gérard Depardieu) e de Margueritte, com dois t´s (Gisèle Casadesus), num banco de uma praça. A partir deste cenário, o diretor e roteiristas nos leva a mergulhar numa série de narrativas literárias, que, mais do que solidificar esta amizade, é responsável por um novo entendimento que Germain terá do mundo a partir da importância que irá atribuir à memória e à história em sua vida.
Germain era filho de mãe solteira e, quando criança, era, frequentemente, zombado pelo professor e pelos colegas de sala por ter dificuldades no aprendizado. Este caso é bem comum entre os alunos cujas famílias não estão presentes ao longo do processo de alfabetização no qual o incentivo até mesmo afetivo se faz necessário para um bom resultado.
O fato de o personagem insistir em “pixar” seu nome num memorial aos heróis franceses da 2ª Guerra Mundial que se localizava em frente à escola é um recurso que nos revela seu medo de ser esquecido pela instituição que ao invés de lhe abrir horizontes, apenas limitou sua vida.
No encontro com Margueritte, Germain demonstrou uma capacidade mnemônica (comum em analfabetos ou semi-analfabetos) impressionante ao contar e nomear todas as pombas da praça. Talvez, este fato tenha sido motivador para que a senhora de 95 anos passasse a lhe ler livros literários consagrados pela literatura francesa de sua época.
Juntos, estes dois personagens mergulham no mundo das letras e da imaginação com uma capacidade inventiva associada apenas ao cotidiano. Este ponto é fundamental para entendermos esta amizade. Presos no tempo presente, ambos desejam se aventurar na literatura utilizando apenas os recursos da vivência que dispõe. Assim, quando presenteado de um dicionário, Germain fica indignado ao saber que as espécies de tomates que dispunha em seu quintal, não estão presentes no manual. É frustrante saber, novamente, que suas experiências não são documentadas.
O clímax do filme é a morte da mãe de Germain, representada por Claire Maurier. Por ter, frequentemente, demonstrado um descaso maternal em relação ao filho, o protagonista não esperava receber nenhuma herança. Contudo, a mãe lhe havia comprado uma casa e guardado a primeira veste do filho utilizada na maternidade e, até mesmo, seu cordão umbilical.
A documentação de sua própria história dá um novo valor à vida de Germain. Ele aceita ter um filho com sua namorada Anette (Sophie Guillemin) e reforça seus laços de amizade com Margueritte e suas histórias no mundo em que vive.

La Tête en Friche 
França , 2010 - 82 minutos 
Direção:
Jean Becker
Roteiro:
Jean Becker, Jean-Loup Dabadie, Marie-Sabine Roger
Elenco:
Gérard Depardieu, Gisèle Casadesus, Maurane, Patrick Bouchitey

O Segredo dos seus olhos



Por Fabiana Ratti

‘O inconsciente é atemporal’ diz Freud. O inconsciente não segue o tempo cronológico estabelecido pelas leis da razão. Estabelecido entre os homens para que todos consigam se localizar e organizar o dia-a-dia.
A hipótese do inconsciente rompe com as leis da lógica clássica Aristotélica. Para Aristóteles, nas leis da razão, existem três princípios básicos que, apesar da lógica moderna, são princípios que valem até os dias de hoje para as leis da razão: a questão do tempo, do espaço e o princípio de não contradição.
O tempo tem uma cronologia: começo, meio e fim, sempre seguindo em diante. O Espaço só pode ser um. Não se pode estar em Paris e Nova York ao mesmo tempo. E o princípio de não contradição: ou é A ou é B. Não é possível ser A e B ao mesmo tempo. Não é possível haver uma proposição e uma negação e, ambas serem verdadeiras nas leis da razão.
Para as leis do inconsciente, estas proposições não têm validade. Freud percebeu isto através de sua análise dos sonhos. No sonho, a pessoa ou o objeto podem ser A, B e C ao mesmo tempo. Há uma fusão entre pessoas, objetos, espaço e tempo. Então, Freud percebe que existem outras leis que regem o inconsciente para além das leis racionais. É através de seu estudo “A Interpretação dos Sonhos”, que Freud pôde dizer à sociedade do século XX, que o ser humano também é guiado pelas leis do inconsciente. E que o inconsciente é uma estrutura psíquica que possui suas próprias leis.
O filme, O Segredo dos Seus Olhos (El Secreto de Sus Ojos, 2009), ganhador do Oscar de melhor produção estrangeira, demonstra, de forma magistral, que o inconsciente, o aparelho psíquico, rege para além dos sonhos. Assim, os seres humanos não são regidos, necessariamente, pela lógica aristotélica clássica.
Existem muitas formas de ver e analisar este filme, mas o ponto que escolho aqui assinalar é que o filme conseguiu transmitir impressionantemente a capacidade dos personagens de ficarem presos no tempo.   
O ator argentino Ricardo Darín interpreta Benjamín Espósito, um ex-funcionário público que resolve escrever um livro quando se aposenta. O tema é o caso criminal que mais marcou a sua carreira no Tribunal Penal de Buenos Aires e assim, revê o homicídio que investigou em 1974. Neste novo projeto de sua vida, revê o passado. Situações e episódios que marcaram o caso. Revê momentos de emoção com sua superior Irene Menéndez Hastings (Soledad Villamil), e de investigações em relação ao homicídio.
Entre vieses que a leitura de um filme possibilita, o que mais me chamou a atenção foi a capacidade que os personagens tiveram, cada um de uma forma, de ficarem enjaulados no tempo. Uns por suas atitudes e outros pela ausência de atitudes. E, mesmo que, cronologicamente o tempo estivesse passando; as emoções, os afetos e as vidas dos personagens estavam estacionadas em 1974. Esta é uma evidência da soberania das leis do inconsciente direcionando a vida dos sujeitos!  

El Secreto de Sus Ojos
Argentina / Espanha , 2009 - 129
Drama / Policial
Direção:
Juan José Campanella
Roteiro:
Juan José Campanella
Elenco:
Ricardo Darín, Soledad Villamil, Guillermo Francella

quarta-feira, 15 de junho de 2011

Editores

Fabiana Ratti
Psicanalista
Meu objetivo como editora do blog é tornar os conceitos da psicanálise mais acessíveis ao público em geral. Sigmund Freud (1856-1939) e Jacques Lacan (1901-1981) deixaram um grande legado para a humanidade, e este precisa ser apropriado. Como acontece com grandes autores, frequentemente, são muito citados, porém pouco lidos, em detrimento de sua complexidade, desta forma, os jargões se repetem. A ideia dos debates reais e/ou virtuais das artes com a psicanálise é uma maneira de contribuir e disponibilizar conceitos, de forma que fiquem mais palatáveis e possa ser usufruído pela sociedade.
 
Laís Olivato
Historiadora
As artes conseguem produzir uma interpretação social que é imprescindível aos debates historiográficos contemporâneos. O diálogo entre o mundo artístico e o sócio-político é um interessante meio de produzir um conhecimento mais sólido sobre a história do homem em seu tempo e na sua sociedade.
Francisco Gaspar
ator, jornalista e fotógrafo
Atualmente escreve para a revista Perto de Você, é fotógrafo oficial da Mostra de Teatro de Rua do Movimento de Teatro de Rua de São Paulo.


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