segunda-feira, 20 de maio de 2019

Viva A vida é uma festa – e a Constelação Familiar


Viva A vida é uma festa é um filme americano computadorizado que se passa no Dia dos Mortos no México, baseado numa ideia original de Lee Unkrich, produzido pela Pixar e distribuído pela Disney, ganhou o Oscar de melhor animação em 2018 e bateu records de bilheteria.

O filme narra a história de um garoto de 12 anos, Michel Rivera, que no dia dos mortos no México, sai em busca da benção de seu tataravô. Michel pertence a uma família de sapateiros e não seguir essa tradição é uma ofensa para a família. Michel percebe que na foto da família está faltando o pedaço de seu tataravô e que está dobrado um pedaço dessa foto escondendo um segredo familiar. Michel tem um desejo, um sonho, e percebe que para seguir esse sonho, ele precisa da benção de seu tataravô. Ele precisa de uma autorização familiar para seguir um outro caminho, que não o de sapateiro, e a família não considerar uma traição. 

Segundo Freud, as pessoas da família são interligadas. Sentimentos, pensamentos, dores, rancores, são passados de pais para filhos. Algumas vezes de forma consciente, outras vezes, de forma subliminar no convívio do dia a dia do lar. Toda a teoria freudiana é baseada na importância da infância, do convívio em família e da construção dos primeiros laços afetivos.

Freud e Lacan estudaram e trouxeram recursos para lidarmos com o aparelho psíquico individual do sujeito, suas representações e explicações sobre sua própria vida e família. Existem pesquisadores que estudam a questão da psicanálise familiar. Porém, os artigos mostram a dificuldade em caminhar num atendimento familiar pois é muito difícil que todos os membros da família se dediquem e compareçam à sessão de terapia familiar, principalmente se contarmos que alguns dos membros já faleceram, mas mesmo assim, ainda continuam a ter reverberações na vida do sujeito.

Viva a vida é uma festa traz uma nova alternativa para a saúde psíquica. Viva a Vida... é um retrato de uma Constelação Familiar, método sistêmico e fenomenológico desenvolvido por Bert Hellinger nos anos 1970 que argumenta que existem algumas leis do amor que precisam ser seguidas e respeitadas: a inclusão de todos os membros da família, a hierarquia e a lei da troca.

No filme, Michel percebe que seu tataravô está excluído do amor da família, mesmo que em outra dimensão espaço temporal, esta exclusão está causando muitos sofrimentos. A família está enxergando o mundo cinza, sem som e sem alegria. Michel inclui o avô e assim consegue seguir sua profissão trazendo reconciliação, luz e alegria.  

A clínica nos traz muitas interrogações e desafios e dialogar com outras linhas que nos trazem contribuições para o avanço da psicanálise individual do sujeito é um dos nossos compromissos.  

Por: Fabiana Ratti, psicanalista lacaniana. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário