sexta-feira, 17 de maio de 2019

Trolls e a felicidade!




Trolls (2016) é um filme de animação americano, produzido pela DreamWorks, dirigida por Mike Mitchell e Walt Dohrn. Os Trolls formam um grupo colorido e animado, que vive na Árvore Troll, cantam e dançam constantemente, são otimistas, fazem festas e acreditam que tudo dará certo. E existem os Bergens, grupo de pessoas infelizes, que veem a vida em preto e branco e acreditam que só podem ter a felicidade se comerem um Troll.

Por um lado, vemos na clínica o perigo da pessoa ver o mundo cor de rosa, não observar os indícios de perigo e assim, não se cuidar, não se preservar, caindo em armadilhas que poderiam ser evitadas. Por outro, no filme, observamos que eles convivem no mesmo espaço, têm os mesmos recursos e, o que muda, é a forma como veem e se posicionam na vida. Assim, são infelizes, não usufruem das possibilidades acessíveis a eles e ficam acreditando que somente capturando o outro é que serão felizes. Que somente o outro tem a chave para a felicidade e para o sucesso. Essas pessoas são realmente muito infelizes pois não acreditam no que há de mais belo no ser humano, o seu próprio potencial.

Trolls é um divertido filme de animação para ser visto em família. Um dos momentos auge é a “hora do abraço”. Momento instituído para todos se abraçarem de forma carinhosa e dar o melhor que existe em si. Além disso, Trolls transmite uma verdade ímpar: as pessoas que não apostam em si e acreditam que o outro tem o ‘mistério’ para alcançar a felicidade, tornam-se pessoas chupinhas, vampiras e altamente destrutivas. Na vida real, é preciso análise para sair desse posicionamento de que o outro tem a chave da felicidade e apostar mais em si próprio.  

O que é bem interessante no filme é que os Bergens não ficam felizes em conviver e curtir junto com os Trolls a sua felicidade. Não. Eles não podem compartilhar. Não podem usufruir. Não têm o jogo de cintura, o ‘savoir faire’, o ‘saber fazer’ que Lacan diz ser importante na vida. Não. Eles precisam cercar, extorquir, destruir sua residência, comê-los. Eles não percebem que  exterminá-los só diminui
a chance de felicidade. Por que não aprender com eles? Por que não apostar que a felicidade e o sucesso está em si próprio?

O filme caminha para um final feliz. Na vida prática e na clínica, eles aparecem de forma bem  mais sorrateira e menos visível a olhos nu. Fiquem atentos e fujam dos Bergens!  


Por: Fabiana Ratti, psicanalista lacaniana

Nenhum comentário:

Postar um comentário