quarta-feira, 29 de maio de 2019

Drão - grão



Gilberto Gil


Drão!
O amor da gente  
É como um grão
Uma semente de ilusão
Tem que morrer pra germinar
Plantar nalgum lugar
Ressuscitar no chão
Nossa semeadura
Quem poderá fazer
Aquele amor morrer
Nossa caminhadura
Dura caminhada
Pela noite escura...

Drão!
Não pense na separação
Não despedace o coração
O verdadeiro amor é vão
Estende-se infinito
Imenso monolito
Nossa arquitetura
Quem poderá fazer
Aquele amor morrer
Nossa caminhadura
Cama de tatame
Pela vida afora

Drão!
Os meninos são todos sãos
Os pecados são todos meus
Deus sabe a minha confissão
Não há o que perdoar
Por isso mesmo é que há de haver mais compaixão
Quem poderá fazer
Aquele amor morrer
Se o amor é como um grão
Morre, nasce trigo
Vive, morre pão

Drão!
Drão!
Composição: Gilberto Gil


Morrer pra germinar, brotar de algum lugar, ressuscitar
Uma morte nem sempre é se esvair, se desfazer, despedaçar
Pode ser um recomeço sem reencarnar, um reviver sem morrer, estando vivo, sentir-se vivo
Nem sempre matar algo é sinônimo de fim, pode ser um profundo recomeço, um entrar, profundamente,
Não poder tudo, não poder ter tudo, é poder. Poder escolher
Deixar em algum lugar, sentir-se capaz de deixar, para poder novamente escolher, novamente querer, buscar.
A falta pode ser a abertura para possibilidades
Uma morte pode ser sinônimo de vida...


Escrito por: Xico Gil. 




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