sábado, 2 de fevereiro de 2013

O MESTRE




Por: Marcio Botelho, historiador
 
- Direção: Paul Thomas
- Estados Unidos
- 2012

O novo filme do diretor Paul Thomas Anderson se colocou dentro de um campo bastante polêmico: o debate a cerca da cientologia, seus métodos e objetivos. Apesar do tema, capaz de gerar múltiplas contradições, o filme não consegue animar durante as suas quase duas horas e trinta minutos de duração.

O espectador acompanha a trajetória de Freddie Quell (Joaquin Phoenix), um ex-combatente da Segunda Guerra e marinheiro, e seus problemas de inadequação aos tempos de paz: o gosto por álcool, o temperamento agressivo e a dificuldade que ele sente para expressar suas emoções. A atuação de Phoenix é consistente ao ponto de fazer com que possamos sentir antipatia pelo personagem e suas escolhas equivocadas.

O acaso une este homem errante a Lancaster Dodd (Philip Seymour Hoffman, mais conhecido pelo elogiado “Sinédoque Nova York”), escritor e líder da organização religiosa “A causa”. Dodd e Quell constroem um vínculo profundo, levando o carismático líder da seita a introduzir o marujo em suas estranhas crenças envolvendo reencarnações, entidades extraterrestres e envolvimento com milionários em busca de respostas.

O diretor pecou ao não se posicionar sobre o assunto durante o filme: ao invés de se jogar na polêmica envolvendo os defensores e opositores da cientologia, Anderson escolheu construir um filme sobre a amizade entre um homem comum e um sujeito com ideias, no mínimo, estranhas ao seu tempo. O resultado é um dramalhão que se arrasta perante o espectador ao mesmo tempo em que se distancia do debate e opta pela neutralidade inócua.

Obs.: a atuação de Amy Adams, no papel da manipuladora esposa de Dodd, Peggy, é no mínimo deprimente. Inicialmente ela parece ser uma mulher forte e decidida, mas ao fim os seus jogos de manipulação se tornam parte de um clichê, de certa forma machista, envolvendo as esposas de “grandes lideres”.

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