sexta-feira, 17 de agosto de 2018

Murdoch Mysteries


Ao meu querido marido...

A série de televisão canadense Murdoch Mysteries trouxe muita alegria e emoção ao nosso lar. São 12
temporadas que em cada episódio acontece um assassinato e o Detetive Murdoch com seu assiste saem em busca de pistas. A equipe é muito bem preparada mantendo a sintonia de ação, suspense, bom humor e ironia. Tem até um clima de romance entre Murdoch e a Patologista Júlia que faz as autópsias e ajuda o detetive a raciocinar as intrigantes dúvidas que um crime provoca para desvendá-lo.

É impressionante a imaginação da equipe para criar tantas situações diferentes, em locais e com pessoas tão inusitadas. O que mais chama a atenção é a parceria da equipe de policiais e o empenho em resolver os casos, não se importando com questões econômicas, sociais ou raciais. É uma sociedade que tem suas doenças, pois as pessoas cometem crimes, mas uma sociedade que prima pela justiça e o direito aos cidadãos, admirável!
Por ser uma série de época, que se passa na virada do século XIX para o século XX, existe um respeito muito grande entre as pessoas, uma cordialidade, uma sensibilidade que parece ter sumido na atualidade.

Agitou minha casa pois todos gostamos de assistir, inclusive as crianças que são estimuladas a fazerem perguntas. Murdoch é um detetive que usa a cabeça, o raciocínio e a lógica; além disso, adora fazer engenhocas que o ajudam a desvendar o caso, num estilo Spielberg. Alguns episódios têm um estilo Hitchcockiano do mestre do suspense. Outro ponto interessante é acompanhar as mudanças e descobertas do mundo na virada do século e pensar no que elas se transformaram hoje. 

Murdoch retrata o estereótipo do homem do começo do século XX. Gentil, educado, um homem de poucas palavras que usa seu cérebro realmente para pensar e criar recursos para chegar em seu objetivo. Um homem sério, responsável, fiel a suas responsabilidades. Murdoch é uma pessoa interessante, capaz de falar sobre diversos assuntos, articular, criar... é sensível, meigo, delicado, humano, é uma pessoa amiga, confiável, preocupada com o outro. Com apenas um olhar consegue mostrar reprovação a certos valores sociais, transmitir empatia aos familiares que perderam seus entes queridos, e mesmo demonstrar carinho e amor através de um olhar por pessoas que moram em seu coração. Com todo esse arsenal de qualidades e inteligência, Murdoch não é esnobe e nunca é arrogante com as pessoas, somente se é necessário em sua tarefa investigativa; articula muito bem com pessoas que quase não possuem cultura, com deficientes, com crianças bem como com aqueles da alta roda. Se não sabe, estuda, se não conhece, pesquisa. Sempre exigente consigo mesmo para resolver os casos, associar e criar. Ah, também tem seus defeitos... extremamente pontual, meticuloso, corrige o inglês das pessoas de sua convivência que não estão falando corretamente.

Yannick Bisson, ator canadense que interpreta magistralmente o detetive Murdock fez laboratório de  
pesquisa para interpretação na minha casa, não é possível! Murdock tem absolutamente todas as características de meu querido marido Lugui. A estatura e o biotipo, o jeito de falar, os trejeitos, o modo de olhar, de se admirar sobre os fatos, a maneira de não se abalar pelo senso comum ou de gostar de algo só porque todos gostam. A forma de respeitar e amar uma mulher incentivando seu trabalho, sua intelectualidade e sua liberdade. A tranquilidade de escolher uma mulher única, sem se preocupar com o que poderia estar perdendo. Exceto pela vida de ciclista que Murdock leva e uns drinques que meu marido toma, eles são praticamente idênticos. Muito bom estar ao lado de um homem do século XIX em pleno século XXI! Espero fazer jus à Dra. Odgen, personagem inteligente amada por Murdock!

Por: Fabiana Ratti, psicanalista lacaniana. 

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