segunda-feira, 1 de abril de 2013

Bem vindo à vida




Bem vindo à vida é um filme de Alex Kurtzman bastante sensível e inspirador. Um drama que vemos, cada vez mais, nos consultórios dos analistas. Com a morte do pai, Sam (Chris Pane) descobre que seu pai tinha uma outra filha de um outro relacionamento e recebe a incumbência de entregar sua herança a ela, Frankie (Elizabeth Banks).

Uma frase muito usual nos dias de hoje é: “separou da esposa, separou dos filhos”. Essa frase aponta o quanto algumas relações paternas estão ficando defasadas, o quanto as dificuldades nos relacionamentos afetivos homem-mulher afetam as crianças e as famílias como um todo.

Esse filme é especial porque mostra um pai frio e distante, um pai com seus vícios e de uma certa forma, narcisista, pois parecia pensar somente em si. Um pai desses que esquecem e pouco se importam com os filhos. Porém, o filme é surpreendente pois, logo no começo, quando deixa o compromisso de entregar sua herança à outra filha, ele demonstra seu desejo que eles se conheçam, demonstra o desejo de cuidar dessa filha que parecia esquecida.

Nesse movimento, Sam passa por diversos sentimentos. Sente egoísmo, reflete, comove-se, pensa, se interroga. Sam abre uma porta de contato com a mãe (Michelle Pfeiffer) e passa a ter uma relação mais sólida com a namorada (Olívia Wilde). O mais interessante é que começamos a pensar o quanto esse pai sofreu, o quanto ele os amava, o quanto era difícil para ele, mas o quanto ele era impotente. Não soube lutar para estar ao lado dos filhos com mais dignidade e amor. Muitas vezes, realmente não é fácil, muitas coisas estão em jogo. Mas é triste ver que, ao longo da vida, ele economizou amor... deixou de expressar seu amor para filhos que tanto precisavam.

Como psicanalista, me interrogo o quanto isso não é mais freqüente do que supomos. Por traz do descaso e do desprezo de um pai (ou mesmo de uma mãe), pode haver muito amor mal administrado. Pode haver medo e insegurança que impossibilitaram, no curso da vida, a demonstração desse amor. Uma pena! O filme mostra, com delicadeza, o custo pago, por todos os membros da família, essa ‘economia’ de amor.  

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