quarta-feira, 4 de julho de 2012

Na Natureza Selvagem




Por: Fabiana Ratti, psicanalista

Na Natureza Selvagem, um filme maravilhoso de Sean Penn, com belíssima fotografia e trilha sonora de Eddie Vedder embalando o espectador na aventura real de Christopher McCandless (Emile Hirsch) pelos EUA e Alasca.  

Christopher McCandless é um menino americano de 22 anos que não suporta o “mal-estar na civilização”. Se sente oprimido pelas brigas dos pais, pela pressão na Universidade, pela relação com o dinheiro, etc. Após a formatura, sai errante pelo mundo, sem se despedir dos pais. Destroi o carro e queima o dinheiro como uma maneira de dizer que existem outras formas de viver e vaga com o objetivo de chegar no Alasca e viver a plenitude da natureza. 

Segundo sua visão de mundo, o ser humano poderia escapar do mal estar da civilização. Poderia viver como um bicho. Sentir a natureza... quando ficar com fome, caçar, quando ficar com sede, beber água. Poderia ficar sem se relacionar, sem conversar, sem compartilhar.

McCandless paga um preço alto por crer que, assim como os animais, os objetos da necessidade o bastariam. Ele apostou alto de que seria possível viver como um bicho, excluído da ordem do desejo, excluído da relação social e de uma articulação intelectual mínima que incluíam, por exemplo: de quando em quando viriam a cheias? ou quando acabaria a comida?

Lacan tem uma frase célebre que diz: não é louco quem quer. Ou seja, não é qualquer pessoa que teria uma idéia dessas e uma disposição para enfrentar a natureza selvagem. Que se despiria de todo o seu arsenal cultural e desejos particulares para ingressar em uma aventura como essas.

Particularmente falando, a idéia não é nada boa! O preço é alto de mais por uma interrogação que poderia ser respondida mais por uma abstração psiquica do que com a dura realidade da vida. Mas o filme é excelente! Muito bem dirigido por Sean Penn, interpretado por Emile Hirsch e outros tantos bons atores e cena. Vale as 2 horas e meia de emoção.

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