quinta-feira, 5 de abril de 2012

Divórcio à Italiana - Um Namorado Para Minha Esposa





Por: Fabiana Ratti, psicanalista 

Recentemente saiu em DVD a comédia de Pietro Germi, Divórcio à Italiana, de1961. Fefé Cefalu (Marcello Mastroianni) está insatisfeito e entediado no casamento. Na década de 60, o divórcio era impossível na Itália, desta forma, Fefé, para se livrar da esposa e unir-se à prima mais jovem Ângela, precisava criar uma solução.

É uma comédia, mas está bem distante do que Marcello Mastroianni já foi capaz, por exemplo em Casanova 70 de Monicelli, ou Ontem, hoje e amanhã entre tantos hilários filmes contracenados com S. Loren ou não.

Porém, em Divócio à Italiana, podemos ver um homem em desespero para sair do casamento. Passa por sua cabeça algumas formas naturais e extraordinárias de morte da esposa e finalmente ele encontra uma solução. Aproximar um antigo amor da esposa, para que, a partir do adultério, ele possa se desvincular dela. Seu ato tem consequências, Fefé enfrenta a reação da sociedade e, de alguma forma, as leis estabelecidas por ela.  

Existe um filme, bem mais atual, uma comédia argentina de 2009, intitulada Um Namorado Para Minha Esposa do diretor Juan Taratuto que conta, praticamente a mesma estória. Um homem, Tenso Polsky (Adrián Suar), não agüenta mais o casamento pois a esposa é bastante mau humorada, não trabalha, não tem amigos ou assuntos. Porém, Tenso não consegue pedir o divórcio e aceita a idéia de um amigo para encontrar um galanteador que conquiste sua esposa e assim ele possa pedir o divórcio sem peso na consciência.

Os dois filmes têm motes semelhantes mas percursos bem distintos, digamos, praticamente, opostos. Este último é uma comédia romântica bem simples, mas tem uma cena, particularmente hilária que eu, sinceramente, gostaria de ter feito. O casal foi até a casa de uns amigos e sentaram-se para conversar. As mulheres começaram a falar de zoodíaco, daquele modo bem simplista e do senso comum: ‘você é de tal signo? Ah, tem tal característica como eu! Que alegria’ As pessoas ficam felizes de encontra semelhanças em nos outros, principalmente, quando se trata de mesmo signo. Freud explica esse fenômeno em “Psicologia das massas e análise do eu” dizendo que as pessoas, para se unirem, e para que exista grupo, é preciso a identificação.  Tana (Valeria Bertuccelli) tomada por seu mau humor absoluto, não suportando fazer relação e laço social com ninguém, explode e dá um show inesperado entre os amigos, pois o comportamento tradicional, ao se falar de signo, qualquer um que seja ele, é para unir, para haver a identificação, pois existe o ascendente, a lua, sempre há uma forma de unir e Tânia, com seu mau humor, prova que é possível agir de outra forma e romper os laços sociais. A questão é que ela transgride o senso comum, mas não consegue colocar nada no lugar, pois está bastante deprimida e entediada. Uma pena! Mas faz parte do filme e, particularmente, o filme vale pela cena!

Mesmo com caminhos díspares, os filmes mostram que, mesmo com 50 anos de diferença entre eles, com leis estabelecidas e consagradas pela sociedade, nem sempre é assim tão fácil sair da situação em que a pessoa se encontra e modificar a própria vida. Existem conseqüências, as quais é preciso lidar. 

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