sábado, 17 de março de 2012

Chico Buarque



Por: Fabiana Ratti 

Chico Buarque encantou ontem com suas belas músicas e arranjos no hoje, HSBC Brasil, antigo Tom Brasil. Com letras lindas e maravilhoso conjunto de instrumentos e instrumentistas, impossível sair incólume a esse momento sublime.

Com um panô de Oscar Niemeyer “A Mulher Nua”, duas pinturas de Cândido Portinari “O Bloco Carnavalesco” e “O Circo” ao fundo, podíamos contar também com luzes e sombras sobre uma Banda de Moebius, figura topológica matemática que marca a dimensão tridimensional de que o que está dentro está fora e vice versa.  

O repertório marcado, principalmente, pelas novas composições de seu último disco “Chico”, muito bem acompanhado por todos os presentes, fez a platéia delirar com seu sucesso “O meu amor”.

Chico, muito conhecido por suas letras que entoam a alma feminina, que muitos dizem ser incompreensível, inexplicável e até um ‘buraco negro’, Lacan nomeou esse fenômeno de “A mulher não existe”. A mulher com A maiúsculo. Com esta frase, levou muitas vaias das feministas na virada dos anos 60 para os 70, mas com isso, ele estava dizendo que, o conjunto das mulheres não existe. Não é possível cataloga-las no conjunto dAs mulheres. Existe uma singularidade, uma particularidade radical nessa ‘alma feminina’, muitas vezes, intraduzível e incompreensível a olho nu.    

Chico, como bom artista que é, captura fragmentos dessa singularidade e coloca em formato musical para que todos, tocados em seus corações, possam cantar e se deliciar com os ritmos que a alma humana imprime em nossas vidas.

Chico, Imperdível!


O meu amor 

O meu amor
Tem um jeito manso que é só seu
E que me deixa louca
Quando me beija a boca
A minha pele inteira fica arrepiada
E me beija com calma e fundo
Até minh'alma se sentir beijada, ai

O meu amor
Tem um jeito manso que é só seu
Que rouba os meus sentidos
Viola os meus ouvidos
Com tantos segredos lindos e indecentes
Depois brinca comigo
Ri do meu umbigo
E me crava os dentes, ai

Eu sou sua menina, viu?
E ele é o meu rapaz
Meu corpo é testemunha
Do bem que ele me faz

O meu amor
Tem um jeito manso que é só seu
De me deixar maluca
Quando me roça a nuca
E quase me machuca com a barba malfeita
E de pousar as coxas entre as minhas coxas
Quando ele se deita, ai

O meu amor
Tem um jeito manso que é só seu
De me fazer rodeios
De me beijar os seios
Me beijar o ventre
E me deixar em brasa
Desfruta do meu corpo
Como se o meu corpo fosse a sua casa, ai

Eu sou sua menina, viu?
E ele é o meu rapaz
Meu corpo é testemunha
Do bem que ele me faz

músicos da turnê
Maestro e violonista - Luiz Claudio Ramos
Piano: João Rebouças
Teclados e vocais:  Bia Paes Leme
Bateria : Wilson das Neves
Percussão: Chico Batera
Contrabaixo: Jorge Helder
Flauta e sopros: Marcelo Bernardes

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