Por: Fabiana Ratti, psicanalista

Nesse ponto, penso que a cidade é a melhor personagem do filme. Sim. Uma cidade luminosa mas que, como aponta Inarritu, uma cidade de duas faces, como muitas metrópoles que estão sendo formadas. Com uma imensa quantidade de álcool, drogas, prostituição, doença mental, tráfico, desemprego, imigração sem um acompanhamento do Estado, o que não traz nenhum benefício para a sociedade e para o imigrante, miserabilidade na moradia, nas refeições, na espiritualidade, no bolso e na educação: biutiful, como se fala se escreve. De bonito, não tem nada!

Não é meu ponto de vista. Uxbal pode ter sido corrompido, mas do meu ponto de vista ele era um participante ativo. Pode não ser de maneira consciente, mas além da sociedade horrorosa a qual ele estava inserido, suas atitudes eram inconseqüentes, ele colocava os filhos e os imigrantes em risco de vida, falcatruava, não dialogava com a ex-esposa comprometendo a vida de todos a sua volta, mas fazia um ar de vítima, de bom moço e arrependido, colocando sempre a responsabilidade no outro: na esposa, no irmão, no chefe. Inconscientemente, pode ser, porém, não menos responsável por seus atos.
Além disso, Uxbal estava sempre com a mesma feição. Em qualquer situação, a mesma expressão, realmente me interrogo o que o fez ser indicado ao Oscar de melhor ator. Uma grande dúvida.
O que vale no filme é realmente a cidade. Uma cidade linda, apaixonante, travestida pelos horrores dos descuidos e irresponsabilidades sociais e políticas. A que ponto a natureza humana pode chegar!
· Dirigido por Alejandro Gonzalez Inarritu
· Com Javier Bardem, Eduard Fernande, Blanca Portillo
· Gênero drama
· Nacionalidade Espanha México
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