Viva
A vida é uma festa é um filme americano computadorizado que
se passa no Dia dos Mortos no México, baseado numa ideia original de Lee
Unkrich, produzido pela Pixar e distribuído pela Disney, ganhou o Oscar de
melhor animação em 2018 e bateu records
de bilheteria.
O filme narra a história
de um garoto de 12 anos, Michel Rivera, que no dia dos mortos no México, sai em
busca da benção de seu tataravô. Michel pertence a uma família de sapateiros e
não seguir essa tradição é uma ofensa para a família. Michel percebe que na
foto da família está faltando o pedaço de seu tataravô e que está dobrado um
pedaço dessa foto escondendo um segredo familiar. Michel tem um desejo, um
sonho, e percebe que para seguir esse sonho, ele precisa da benção de seu
tataravô. Ele precisa de uma autorização familiar para seguir um outro caminho,
que não o de sapateiro, e a família não considerar uma traição.
Segundo Freud, as pessoas
da família são interligadas. Sentimentos, pensamentos, dores, rancores, são
passados de pais para filhos. Algumas vezes de forma consciente, outras vezes,
de forma subliminar no convívio do dia a dia do lar. Toda a teoria freudiana é
baseada na importância da infância, do convívio em família e da construção dos primeiros
laços afetivos.
Freud e Lacan estudaram e
trouxeram recursos para lidarmos com o aparelho psíquico individual do sujeito,
suas representações e explicações sobre sua própria vida e família. Existem
pesquisadores que estudam a questão da psicanálise familiar. Porém, os artigos
mostram a dificuldade em caminhar num atendimento familiar pois é muito difícil
que todos os membros da família se dediquem e compareçam à sessão de terapia
familiar, principalmente se contarmos que alguns dos membros já faleceram, mas
mesmo assim, ainda continuam a ter reverberações na vida do sujeito.
Viva
a vida é uma festa traz uma nova alternativa para a saúde psíquica.
Viva a Vida... é um retrato de uma Constelação
Familiar, método sistêmico e fenomenológico desenvolvido por Bert Hellinger
nos anos 1970 que argumenta que existem algumas leis do amor que precisam ser
seguidas e respeitadas: a inclusão de todos os membros da família, a hierarquia
e a lei da troca.
No filme, Michel percebe
que seu tataravô está excluído do amor da família, mesmo que em outra dimensão
espaço temporal, esta exclusão está causando muitos sofrimentos. A família está
enxergando o mundo cinza, sem som e sem alegria. Michel inclui o avô e assim
consegue seguir sua profissão trazendo reconciliação, luz e alegria.
A clínica nos traz muitas
interrogações e desafios e dialogar com outras linhas que nos trazem
contribuições para o avanço da psicanálise individual do sujeito é um dos nossos
compromissos.
Por: Fabiana Ratti, psicanalista lacaniana.
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