Trolls (2016) é um filme de
animação americano, produzido pela DreamWorks, dirigida por Mike Mitchell e
Walt Dohrn. Os Trolls formam um grupo colorido e animado, que vive na Árvore
Troll, cantam e dançam constantemente, são otimistas, fazem festas e acreditam
que tudo dará certo. E existem os Bergens, grupo de pessoas infelizes, que veem
a vida em preto e branco e acreditam que só podem ter a felicidade se comerem um
Troll.
Por um lado, vemos na clínica o
perigo da pessoa ver o mundo cor de rosa, não observar os indícios de perigo e
assim, não se cuidar, não se preservar, caindo em armadilhas que poderiam ser
evitadas. Por outro, no filme, observamos que eles convivem no mesmo espaço, têm
os mesmos recursos e, o que muda, é a forma como veem e se posicionam na vida.
Assim, são infelizes, não usufruem das possibilidades acessíveis a eles e ficam
acreditando que somente capturando o outro é que serão felizes. Que somente o
outro tem a chave para a felicidade e para o sucesso. Essas pessoas são
realmente muito infelizes pois não acreditam no que há de mais belo no ser humano,
o seu próprio potencial.
Trolls é um divertido filme de
animação para ser visto em família. Um dos momentos auge é a “hora do abraço”.
Momento instituído para todos se abraçarem de forma carinhosa e dar o melhor
que existe em si. Além disso, Trolls transmite uma verdade ímpar: as pessoas
que não apostam em si e acreditam que o outro tem o ‘mistério’ para alcançar a
felicidade, tornam-se pessoas chupinhas, vampiras e altamente destrutivas. Na
vida real, é preciso análise para sair desse posicionamento de que o outro tem
a chave da felicidade e apostar mais em si próprio.
O que é bem interessante no filme
é que os Bergens não ficam felizes em conviver e curtir junto com os Trolls a
sua felicidade. Não. Eles não podem compartilhar. Não podem usufruir. Não têm o
jogo de cintura, o ‘savoir faire’, o ‘saber
fazer’ que Lacan diz ser importante na vida. Não. Eles precisam cercar, extorquir,
destruir sua residência, comê-los. Eles não percebem que exterminá-los só diminui
a chance de
felicidade. Por que não aprender com eles? Por que não apostar que a felicidade
e o sucesso está em si próprio?
O filme caminha para um final
feliz. Na vida prática e na clínica, eles aparecem de forma bem mais sorrateira e menos visível a olhos nu. Fiquem
atentos e fujam dos Bergens!
Por: Fabiana Ratti, psicanalista lacaniana
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