Por: Marcio Botelho, historiador
- Direção: Paul Thomas
- Estados Unidos
- 2012
O novo filme do diretor Paul Thomas Anderson se colocou dentro de um campo
bastante polêmico: o debate a cerca da cientologia, seus métodos e objetivos.
Apesar do tema, capaz de gerar múltiplas contradições, o filme não consegue
animar durante as suas quase duas horas e trinta minutos de duração.
O espectador acompanha a trajetória de Freddie Quell (Joaquin Phoenix), um
ex-combatente da Segunda Guerra e marinheiro, e seus problemas de inadequação
aos tempos de paz: o gosto por álcool, o temperamento agressivo e a dificuldade
que ele sente para expressar suas emoções. A atuação de Phoenix é consistente
ao ponto de fazer com que possamos sentir antipatia pelo personagem e suas
escolhas equivocadas.
O acaso une este homem errante a Lancaster Dodd (Philip Seymour Hoffman,
mais conhecido pelo elogiado “Sinédoque Nova York”), escritor e líder da
organização religiosa “A causa”. Dodd e Quell constroem um vínculo profundo,
levando o carismático líder da seita a introduzir o marujo em suas estranhas
crenças envolvendo reencarnações, entidades extraterrestres e envolvimento com
milionários em busca de respostas.
O diretor pecou ao não se posicionar sobre o assunto durante o filme: ao
invés de se jogar na polêmica envolvendo os defensores e opositores da
cientologia, Anderson escolheu construir um filme sobre a amizade entre um
homem comum e um sujeito com ideias, no mínimo, estranhas ao seu tempo. O resultado
é um dramalhão que se arrasta perante o espectador ao mesmo tempo em que
se distancia do debate e opta pela neutralidade inócua.
Obs.: a atuação de Amy Adams, no papel da manipuladora esposa de Dodd,
Peggy, é no mínimo deprimente. Inicialmente ela parece ser uma mulher forte e
decidida, mas ao fim os seus jogos de manipulação se tornam parte de um clichê,
de certa forma machista, envolvendo as esposas de “grandes lideres”.
Nenhum comentário:
Postar um comentário