quarta-feira, 21 de agosto de 2019

A Bela, a fera e a sabedoria



Voltando aos contos de fada... A Bela e a Fera é a de que eu mais gosto! Bela tem origem francesa e faz um brinde à leitura, à inteligência e à sabedoria como nenhuma outra! Bela não é princesa, é filha de um artesão inventor, mora numa casa simples de um vilarejo e também perdeu a mãe, dessa forma, precisa cuidar de seu pai.

Bela adora ler, frequenta bibliotecas e tem uma sabedoria para além da inteligência racional. Bela não escorrega no maior deslize que o ser humano faz ao falarmos sobre amor, ir pelo imaginário... Quando se trata de amor, é muito comum o ser humano ir pelo imaginário. Ir pela beleza exterior, pelas falas sedutoras, pelas promessas de plenitude, pelo dinheiro. O imaginário se sobrepuja e engolfa o simbólico e o intelecto. A pessoa, muitas vezes, fica à mercê do outro, sem conseguir raciocinar ou se posicionar. Na clínica, podemos observar o quanto a pessoa, na fase da conquista e do namoro, já havia notado evidências de arrogância, narcisismo e egoísmo; ou qualquer outra característica que possa não ser bacana para um relacionamento a dois. Porém, a pessoa, ofuscada num véu imaginário, vê apenas o que gostaria, ou o que sua fantasia lhe permite. Depois, com o tempo, a pessoa começa a perceber que não foi a melhor escolha para si. 

Bela não se equivoca com Gastão. Bonitão e galanteador, Gastão aparece em várias situações tentando seduzi-la. Mas Bela não se ofusca com a beleza, as posses ou com as falas vazias de Gastão. 

Bela usa sua sabedoria para enfrentar os perigos da floresta, para arquitetar um meio de salvar o pai; canaliza sua energia psíquica para direções mais construtivas e proveitosas em sua vida. E assim, escolhe o amor com o coração e não com a fantasia de um véu imaginário.

Por: Fabiana Ratti, psicanalista   

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