De Volta para o Futuro
(1985), filme americano de ficção científico foi dirigido por Robert Zemeckis,
produzido pela Universal e por Stevens Spielberg, estrelado por Michael Fox
(Marty) e Christopher Lloyd (Dr. Emmett Brown). Fez tanto sucesso na época
arrecadando a maior bilheteria do ano e assim foi produzido o De volta para o
Futuro II e o De volta para o Futuro III.
Claramente inspirado nas
aventuras de Júlio Verne, com o professor cientista e seu assistente, em um dos
3 filmes, o cientista de De Volta para o Futuro, faz referência a gostar
de lê-lo em seu tempo de mocidade.
Doctor, como Marty chama o
cientista, tem várias ideias inspiradoras e máquinas malucas na tentativa de ir
ao passado. Doctor explica pela física como é possível viajar no tempo
dependendo da velocidade, pressão e temperatura que a máquina do tempo possa atingir.
O cientista faz cálculos, experimentos e ele sempre justifica que é uma questão
no eixo “tempo-espaço”.
Como psicanalista, penso que a
análise é uma viagem no tempo. É uma questão no eixo “tempo-espaço.” É um
momento em que o sujeito para tudo o que está fazendo, desliga o celular e
conta histórias do passado remoto e passado recente. Acontecimentos, situações,
sensações e emoções. Momentos que ficaram esquecidos, mas que fazem parte da
história do sujeito e que afetam seu presente e seu futuro.
A proposta do filme é ir ao
passado, modifica-lo e voltar para o presente com uma nova realidade. Para a
psicanálise isso ainda não é possível. Talvez pela física quântica isso possa
acontecer, pela psicanálise não. Porém, é possível voltar ao passado e
ressignificá-lo. Ver com outros olhos. Encontrar outras explicações. Mudar o
foco. Reconsiderar os vilões e as mocinhas. Os protagonistas e os artistas
principais.
Mudando o foco nesta relação
tempo espacial, podemos modificar o nosso presente e, desta forma, o
nosso
futuro. No terceiro filme da série, doctor fala que o destino pertence ao
sujeito, à decisão de cada um. E a responsabilidade que cada um deve ter com o
presente para que o futuro seja interessante.
A partir da questão tempo e
espaço também podemos pensar em outro ponto da psicanálise. O filme traz uma inspiração
para esses tempos de internet. Esse momento em que o mundo fica pequeno.
Podemos estar conectados a qualquer pessoa, a qualquer cidade, a qualquer país
pelo mundo afora. Um tempo espaço impensável para os anos 1980. Hoje é possível
atender pessoas em vários países, a qualquer momento dia/hora. Não é preciso
mais o setting, a presença física, o ir e vir ao analista. Basta o
desejo. É como diz o cineasta brasileiro Glauber Rocha: “basta uma câmara na
mão e uma ideia na cabeça.” Um contato
com a internet, o desejo de falar, o desejo de ouvir... temos assim uma análise
atravessando tempo e espaço. Rompendo barreiras físicas inimagináveis. É
preciso uma abstração. É preciso apostar no desejo, na escuta. O analista pode
atravessar muros, pode estar virtualmente conectado e ter a mesma presença de
analista para o inconsciente. Como diz Gilberto Gil por volta do ano do
lançamento de De volta para o Futuro: “Tempo espaço navegando em todos os
sentidos.”
Os psicanalistas, assim como
todos os profissionais que revolucionaram o modo de trabalho com as inovações
eletrônicas e a internet, também podem acompanhar o seu tempo...
Por: Fabiana Ratti, psicanalista
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