Em homenagem ao Halloween que é
comemorado em outubro, vamos falar do que dá medo, do que assusta. Não posso ir
pela filmografia porque essa minha coleção é realmente escassa. Acho que os
únicos que consegui ver inteiros foram: “O Iluminado” dos anos 1980 e o “Sexto
Sentido” dos anos 1990.
Mas autores como Guy de
Maupassant, Emile Zola, Edgar Allan Poe, Théophile Gautier sempre rondam as
minhas leituras. Um clássico da literatura é Horla, texto de Maupassant em que o sonho e a realidade se
misturam. O pesadelo ganha proporções
inimagináveis onde o dentro e o fora se
misturam, mostrando que não há uma fronteira entre o mundo externo e o interno.
Desta forma, consequências graves acontecem chamando atenção para a seriedade
de cuidar do aparelho psíquico.
Por seu lado, Allan Poe é um
mestre. Tem inúmeros contos. Fantasmas, mortos, gatos assombrosos. Allan Poe
brinca com o impensável, o irrepresentável, o que não poderia acontecer mas,
quem sabe... O aparelho psíquico é assim. Ele vive criando alusões e fantasias
de situações inimagináveis. Por outro lado, a vida apresenta, muitas vezes,
tristes realidades que coloca o sujeito frente ao vazio da morte, da solidão,
do que Lacan chama de o “impensável a espera de se inscrever”. Leva um tempo
para ‘cair a ficha’, para a pessoa explicar e encontrar representações do
horror que se abateu: uma traição, uma separação, uma morte, uma demissão
inesperada.
É disso que o ser humano tem
medo. Medo do medo. Medo do horror, da perda, da castração, do inesperado.
Assistir aos filmes, ler contos e romances sobre o assunto instigam o aparelho
psíquico a trabalhar. É como as crianças que brincam para elaborar seus
pensamentos. Enquanto os monstros estão nas telas ou nas páginas dos livros,
eles estão longe, separados, no mundo da ficção e assim, o ser humano pode
entrar em contato com o que há de pior via sentimento e pensamento, longe da
concretude da vida.
Um dos contos de Allan Poe de que
mais gosto é O Funeral antecipado. É
a história de uma moça que é enterrada viva. Impensável. Horror do horror. Mas
não somente ela consegue escapar de seu túmulo, como consegue reconstruir a
vida casando-se com outro, pois em sua primeira vida, era infeliz no casamento.
Como na época não havia divórcio, seria impossível se separar para reconstruir
sua vida, porém, como havia sido enterrada viva por seu marido, tinha o
atestado de óbito, assim, pode casar-se novamente com o amor de sua vida!!!
Contos fantásticos que misturam
horror, medo, ilusão, sonhos impensáveis e humor negro dão o tom dessa
brincadeira com chapéus de bruxas e cabeças de abóbora! Uns dias para brindar o
impensável que existe em nós.
Por: Fabiana Ratti, psicanalista
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