Por Fabiana Ratti, Psicanalista Lacaniana
Neste blog falamos pouco
sobre música... Precisamos inclui-la mais neste debate...
Nesta ocasião vamos
falar devido a um fato ocorrido nesta última semana no show de Andrea Bocelli
aqui em São Paulo. A cantora Paula Fernandes, por algum motivo, não conseguiu
continuar cantando. Sua equipe justificou problemas técnicos, não sabemos ao
certo. Mas, me fez lembrar o famoso fim de Copa do Mundo na França, em 1998,
quando Ronaldinho, o primeiro jogador do mundo, ficou paralisado em campo.
Esses dois casos, sem
sombra de dúvidas, me remetem ao texto freudiano Arruinados pelo êxito de 1916, em que Freud se questiona a respeito
do motivo pelo qual Lady Macbeth (de Shakespeare) sentiu-se frustrada
após o êxito de ter conseguido a coroa. Então Freud diz:
“Parece ainda mais
surpreendente, e na realidade atordoante, quando, na qualidade de médico, se
faz a descoberta de que as pessoas ocasionalmente adoecem precisamente no
momento em que um desejo profundamente enraizado e de há muito alimentado
atinge a realização. Então, é como se elas não fossem capazes de tolerar sua
felicidade, pois não pode haver dúvida de que existe uma ligação causal entre
seu êxito e o fato de adoecerem.” P.357
Ambos, Ronaldinho e Paula Fernandes, seriam
consagrados após suas grandes realizações. Porém, algo mais forte do que eles
os paralisou. Algo os impediu de pegar a coroa. Se Ronaldinho teve uma
convulsão e depois de levado aos médicos, foi liberado para o jogo, até que
ponto não podemos pensar que foi uma conversação? Uma descarga absolutamente
psíquica da emoção que passava no momento?
A questão aqui não é diagnosticar ou
interpretar nossos ídolos, a questão aqui é incluir um pouco mais a saúde
mental em nossa sociedade. Quem não erra? Quem não tem um “branco”? Quem não
perde a coragem frente a uma situação tão sonhada?
É
muito significativo que a mídia utilize palavras como “amarelou”, “mico”,
“vexame”. Essas palavras refletem o despreparo de nossa sociedade frente às
questões emocionais e a inclusão do inconsciente em nossas vidas. Nossos ídolos
são humanos.
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