Bem vindo à vida é
um filme de Alex Kurtzman bastante sensível e inspirador. Um drama que vemos,
cada vez mais, nos consultórios dos analistas. Com a morte do pai, Sam (Chris
Pane) descobre que seu pai tinha uma outra filha de um outro relacionamento e
recebe a incumbência de entregar sua herança a ela, Frankie (Elizabeth Banks).
Uma frase muito usual nos dias de hoje é: “separou da
esposa, separou dos filhos”. Essa frase aponta o quanto algumas relações
paternas estão ficando defasadas, o quanto as dificuldades nos relacionamentos
afetivos homem-mulher afetam as crianças e as famílias como um todo.
Esse filme é especial porque mostra um pai frio e distante,
um pai com seus vícios e de uma certa forma, narcisista, pois parecia pensar somente
em si. Um pai
desses que esquecem e pouco se importam com os filhos. Porém, o filme é surpreendente
pois, logo no começo, quando deixa o compromisso de entregar sua herança à
outra filha, ele demonstra seu desejo que eles se conheçam, demonstra o desejo
de cuidar dessa filha que parecia esquecida.
Nesse movimento, Sam passa por diversos sentimentos. Sente
egoísmo, reflete, comove-se, pensa, se interroga. Sam abre uma porta de contato
com a mãe (Michelle Pfeiffer) e passa a ter uma relação mais sólida com a
namorada (Olívia Wilde). O mais interessante é que começamos a pensar o quanto
esse pai sofreu, o quanto ele os amava, o quanto era difícil para ele, mas o
quanto ele era impotente. Não soube lutar para estar ao lado dos filhos com
mais dignidade e amor. Muitas vezes, realmente não é fácil, muitas coisas estão
em jogo. Mas
é triste ver que, ao longo da vida, ele economizou amor... deixou de expressar
seu amor para filhos que tanto precisavam.
Como psicanalista, me interrogo o quanto isso não é mais
freqüente do que supomos. Por traz do descaso e do desprezo de um pai (ou mesmo
de uma mãe), pode haver muito amor mal administrado. Pode haver medo e
insegurança que impossibilitaram, no curso da vida, a demonstração desse amor.
Uma pena! O filme mostra, com delicadeza, o custo pago, por todos os membros da
família, essa ‘economia’ de amor.
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