Por: Fabiana Ratti, psicanalista
Marquês de Sade, alémda questão sexual era ateu, o que na época era bastante questionável,fazia críticas mordazes à sociedade, utilizava-se do grotesco e do horror para discutir questões morais e filosóficas. Sua obra também gerou filmes e peças teatrais, como as muitas apresentadas pelos Satyros, na Praça Roosevelt em São Paulo.
Podemos pensar outro exemplo, um fenômeno da década de 1990 que foi a “inteligência emocional”. Todos falavam como uma novidade, livros e livros foram vendidos em profusão, mas não era simplesmente uma renomeação do que Freud havia dito em 1900: Todos temos aparelho psíquico e precisamos saber lidar com ele para agir no mundo, na vida, no trabalho e na família?
Bom, assim, podemos ir de exemplos em exemplos pois a
sociedade gosta do ar de novidade com uma pitada do já conhecido. Faz parte. E.
L. James discute a questão do sadismo na versão feminina. Como psicanalista, só
consigo dizer o quanto a discussão filosófica por traz dos abusos sexuais na
obra do Marquês de Sade revolucionou a psicanálise lacaniana. Lacan se deu conta
do quanto o ser humano não tem um princípio kantiano, ele não busca um bem
comum, um bem universal. Dessa forma, ele não busca um prazer, ele busca algo
para além do princípio do prazer. O ser humano tem um desejo bem singular,
único e, muitas vezes, se coloca em certas posições frente ao outro, deixando
com que o outro o sadomize, colocando-se como vítima, sem se responsabilizar
pela posição que ocupa, que seja na vida ou nas relações afetivas e sexuais.
Sexo, entre tantos assuntos é sempre mais efervescente, dá
mais polêmica e assim aquece o mercado! Como psicanalista, mesmo sabendo que é
algo da condição humana, concordo com Caetano Veloso: porque rimar amor e dor?
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