Por: Fabiana Ratti
Retornando de férias com um filme feito há 64 anos... Obras de arte são atemporais! Os Sapatinhos Vermelhos, filme britânico de 1948, dirigido por Michael Powell e Emeric Pressburger é belissimo! Com cenas de balé maravilhosamente bem feitas e produzidas, que não perdem a conexão com a ligação dramática da obra, unindo a intensidade musical e a mestria dos autores, vale a pena ver e rever.
A narrativa é inspirada no conto de fadas de Hans Christian Andersen, no qual uma menina apaixona-se pelos sapatinhos vermelhos da vitrine e quando os coloca no pé, não consegue parar de dançar.
Vick Page (Moira Shearer) é uma excelente bailarina que precisa de um produtor, um espaço no tablado para ter seu nome lançado e, busca Terry (Jean Short), hábil e rude produtor renomado. Vick conquista seu espaço entre o corpo de bailado e encena ineditamente: Os Sapatinhos Vermelhos. Terry, em contrapartida faz o clássico pedido: dedicação exclusiva em troca de renome... absolutamente exclusiva, o coração deve estar totalmente dedicado ao balé! E, a partir daí já podemos pensar como se desenrola o filme... o convívio tão grande no teatro, o compositor interessante (Marius Goring), a música, o glamour da companhia, das viagens...
E, escolho este filme pois, além de belo, ele discute um traço muito característico do ser humano: a posse. Esse desespero que bate no ser humano em controlar tudo e todos, ter o poder máximo nas mãos, ser presente em todos os momentos, inclusive nos sentimentos e pensamentos do outro. Controlar o coração.
E, não adianta...
O coração do outro se conquista... não se controla...
E, tamanha posse, tamanha obsessão, não há como ter uma boa saída.
O filme traz a questão bastante discutida por Freud através da obra de Goethe, poeta alemão, que aborda o Mefistole em Fausto. É esse poder que o diabo tem de dar algo tão precioso e pedir em troca a vida, a alma, o coração do sujeito. Um preço muito alto para um caro desejo. Tudo tem seu preço, mas, acordos dessa natureza, não têm como se sustentar e, mefistole não se dá conta que é ele próprio o destruidor de seu mais caro desejo.
Um grande exercício na vida humana: como não ser Mefistole e como não cair nas garras de um!
• Direção: Michael Powell e Emeric Pressburger
• Gênero: drama/ romance/ musica
• Origem: Reino Unido
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