Amar
não tem preço (2006) é um filme francês dirigido por
Pierre Salvadori e estrelado pela bela e talentosa Audrey Tautou. Irène
(Tautou) é uma jovem interesseira que vive aplicando golpes em senhores mais
velhos e endinheirados com o intuito de subir ao altar, mas sempre comete
gafes, atos falhos, que a impedem de alcançar "seu objetivo". Até que encontra um
jovem simples e o amor fala mais alto.
Irène passa a dar aulas a
Jean (Geld Elmaleh) excelente ator marroquino, de como “tirar” dinheiro e
seduzir os mais velhos. Ela dá aulas sobre a posição feminina, discutida por
Lacan no Seminário XX. Irene nunca bate de frente, suspira e fala frases que
ficam pela metade, deixa seu desejo subentendido por entre linhas... frases que
deixam o desejo em aberto.
Je voudrais...
Je voulais...
I wish...
I would like...
I would love...
Eu gostaria...
Eu adoraria...
No discurso masculino,
aparece muito no divã o quanto as mulheres são chatas, reclamam, batem de
frente, voltam na mesma tecla, querem tudo do jeito delas... Irene dá uma aula
sobre a posição feminina. Como conseguir todos os seus desejos com um sorriso
no rosto, gestos delicados e muito suspiro...
Quando, na adolescência,
lia Conan Doyle, ele já avisava que Sherlock Holmes e seu arqui-inimigo
Moriarty tinham as mesmas características, as mesmas habilidades. A grande
diferença é que um utilizava essas habilidades para o crime e o outro para
resolvê-los, ajudando a Scotland Yard e a nação.
O filme apresenta essa
mesma questão para a posição feminina, dando ao sujeito a liberdade de escolha,
de que forma atingir seus objetivos e utilizar suas habilidades.
Lacan, nesta mesma linha,
aponta a diferença entre fazer sintoma (ficar reclamando, chorando, mandando) e Saber Fazer com a vida...,
com estilo, com talento, direcionar a vida e as situações de maneira gentil e inteligente... Se for por amor, aí então, não tem preço!!
Fica a dica!
Por: Fabiana Ratti,
psicanalista.
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