Ao meu querido marido...
A série de televisão canadense Murdoch Mysteries trouxe muita alegria e
emoção ao nosso lar. São 12
temporadas que em cada episódio acontece um
assassinato e o Detetive Murdoch com seu assiste saem em busca de pistas. A
equipe é muito bem preparada mantendo a sintonia de ação, suspense, bom humor e
ironia. Tem até um clima de romance entre Murdoch e a Patologista Júlia que faz
as autópsias e ajuda o detetive a raciocinar as intrigantes dúvidas que um
crime provoca para desvendá-lo.
É impressionante a imaginação da
equipe para criar tantas situações diferentes, em locais e com pessoas tão
inusitadas. O que mais chama a atenção é a parceria da equipe de policiais e o
empenho em resolver os casos, não se importando com questões econômicas,
sociais ou raciais. É uma sociedade que tem suas doenças, pois as pessoas
cometem crimes, mas uma sociedade que prima pela justiça e o direito aos
cidadãos, admirável!
Por ser uma série de época, que
se passa na virada do século XIX para o século XX, existe um respeito muito
grande entre as pessoas, uma cordialidade, uma sensibilidade que parece ter
sumido na atualidade.
Agitou minha casa pois todos
gostamos de assistir, inclusive as crianças que são estimuladas a fazerem
perguntas. Murdoch é um detetive que usa a cabeça, o raciocínio e a lógica;
além disso, adora fazer engenhocas que o ajudam a desvendar o caso, num estilo
Spielberg. Alguns episódios têm um estilo Hitchcockiano do mestre do suspense.
Outro ponto interessante é acompanhar as mudanças e descobertas do mundo na
virada do século e pensar no que elas se transformaram hoje.
Murdoch retrata o estereótipo do
homem do começo do século XX. Gentil, educado, um homem de poucas palavras que
usa seu cérebro realmente para pensar e criar recursos para chegar em seu
objetivo. Um homem sério, responsável, fiel a suas responsabilidades. Murdoch é
uma pessoa interessante, capaz de falar sobre diversos assuntos, articular,
criar... é sensível, meigo, delicado, humano, é uma pessoa amiga, confiável, preocupada
com o outro. Com apenas um olhar consegue mostrar reprovação a certos valores
sociais, transmitir empatia aos familiares que perderam seus entes queridos, e
mesmo demonstrar carinho e amor através de um olhar por pessoas que moram em
seu coração. Com todo esse arsenal de qualidades e inteligência, Murdoch não é
esnobe e nunca é arrogante com as pessoas, somente se é necessário em sua
tarefa investigativa; articula muito bem com pessoas que quase não possuem
cultura, com deficientes, com crianças bem como com aqueles da alta roda. Se
não sabe, estuda, se não conhece, pesquisa. Sempre exigente consigo mesmo para
resolver os casos, associar e criar. Ah, também tem seus defeitos...
extremamente pontual, meticuloso, corrige o inglês das pessoas de sua
convivência que não estão falando corretamente.
Yannick Bisson, ator canadense que
interpreta magistralmente o detetive Murdock fez laboratório de
pesquisa para
interpretação na minha casa, não é possível! Murdock tem absolutamente todas as
características de meu querido marido Lugui. A estatura e o biotipo, o jeito de falar, os trejeitos, o
modo de olhar, de se admirar sobre os fatos, a maneira de não se abalar pelo
senso comum ou de gostar de algo só porque todos gostam. A forma de respeitar e
amar uma mulher incentivando seu trabalho, sua intelectualidade e sua liberdade.
A tranquilidade de escolher uma mulher única, sem se preocupar com o que
poderia estar perdendo. Exceto pela vida de ciclista que Murdock leva e uns
drinques que meu marido toma, eles são praticamente idênticos. Muito bom estar ao lado de um homem do século XIX em pleno século XXI! Espero fazer jus
à Dra. Odgen, personagem inteligente amada por Murdock!
Por: Fabiana Ratti, psicanalista lacaniana.