A pequena Miss
Sunshine relata a história de uma clássica família dos Estados Unidos. A
mãe (Toni Collette) que tenta dar conta dos cuidados com a casa, o filho Dwayne (Paulo Dano) que não se
expressa por um voto de silêncio por causa de frustrações. O avô (Alan Arkin)
que foi expulso da casa de repouso por uso de drogas. O tio gay Frank (Steve Carell), que foi morar com a
família porque tentou o suicídio. O pai Richard (Greg Kinnear) é a personificação do espírito americano que
deseja vencer só com pensamentos e palavras positivas. Ele vende livros de
auto-ajuda e o filme mostra a disparidade entre a imagem de ser bem sucedido e
as dificuldades para manter e cuidar de uma família, do trabalho e da vida. Ou
seja, não bastam as palavras, é preciso esforço, diálogo, união. E isso, o
filme mostra com muita simpatia, ao passarem três dias juntos viajando numa Kombi
Amarela. A família decide levar a filha Olive
(Abigail Breslin) para um concurso de beleza e assim, viajam do Novo México à
Califórnia.
A pequena Miss
Sunshine critica o mundo de aparência que corrói e destrói nossa sociedade
atual. Um mundo de barbies, roupas, sapatos e cabelos que tiram a naturalidade,
distanciam as pessoas, gera ganância e competitividade gratuita entre as
pessoas. Esse mundo pode começar com as crianças e gerar famílias inteiras
desarticuladas e distantes. Os diretores conseguiram, de forma maravilhosa,
ridicularizar e ironizar tamanho absurdo que acontece em nossa sociedade com
muito humanismo e simpatia.
Por outro lado, Intocáveis
é um filme francês que relata a dor e a dificuldade de um homem que se tornou
tetrapégico e precisa de um acompanhante. Como é possível falar sobre isso de
forma hilária? Como o diretor conseguiu? Como ele perdeu o Oscar para aquele
terrível “O Artista”? Intocáveis é baseado em fatos verídicos. Philippe (François Cluzet) é um aristocrata e contrata Driss
(Omar Sy) para trabalhar. Driss, acostumado com o subúrbio, com a miséria e a simplicidade,
fica estarrecido com um novo mundo de riqueza. Mas Driss, não se acanha. Assume
a sua personalidade, se coloca, faz seus comentários e não se inibe com suas
ignorâncias e pontos de vista. Por outro lado, Driss sabe sorver esse novo
mundo. Tem a humildade necessária para aprender e a petulância suficiente para
não se acanhar ou se excluir, características muito difíceis, mas necessárias,
para quem circula de um mundo ao outro.
Driss conquista os outros funcionários da casa, se posiciona para a
filha do patrão, e cria com Philippe uma nova forma dele se autorizar a
continuar a viver, apesar das impossibilidades que fazem parte de sua nova
vida.
Rir desopila o fígado. Rir ‘abre o inconsciente’. São dois
filmes que merecem a bilheteria e o sucesso que tiveram!