Por: Fabiana Ratti, psicanalista

Brandon também apresenta muitas variações em sua sexualidade. São mulheres de uma noite apenas, prostitutas, encontros casuais, masturbações, internet, revistas, suruba, homens, etc. Toda a modalidade de satisfação momentânea via o gozo sexual é empreendida. E não há uma saciação. Brandon sempre sai em busca de mais e mais.
O filme tem pouco diálogo. Nem mesmo um amigo Brandon parece ter. As relações são gélidas e fugazes. Apenas Bach para aquecer um pouco o ambiente demonstrando que há uma certa sensibilidade, um ser humano por ali.

E fica a pergunta: Brandon abandonará esse vício? Mudará de vida?
É realmente uma bela questão que o filme não ousa responder caindo na pieguice do final feliz. Como psicanalista, difícil pensar que é um vício fácil de ser deixado. É preciso muita força de vontade. Assim como o álcool, as drogas, o jogo, o sexo como vício, também vai num crescente que formas anteriores passam a não fazer mais efeito, não ter mais graça, e o indivíduo procura mais e mais...
Existem algumas pessoas que usufruem do vício para fazer laços sociais. Se aproximar das pessoas, desinibir, falar com o grupo, etc. Brandon mostra o lado mais negro do vício, o rompimento dos laços sociais e o prazer solitário. Qual força o faria largar? O que o faria abandonar seu vício e voltar a se conectar com o mundo?
De forma bem inteligente o diretor inglês Steve Mcqueen deixa essa pergunta no ar, não retratando apenas a vida de Brandon, mas a de muitos solitários que transitam pelas grandes metrópoles do século XXI.
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