MOVIMENTO PELA SAÚDE MENTAL CAFÉ COM FREUD E LACAN
Liderança e
empreendedorismo: atitudes que incluem o emocional
Neste primeiro quarto de
século, chegamos a algumas conclusões que aumentaram o padrão de vida dos seres
humanos. Concordamos que os estudos até a universidade, talvez pós, faça grande
diferença na vida profissional. Fazer esporte e deixar o sedentarismo também é
uma conclusão unânime a sua relevância. Higiene pessoal, incluindo dentária,
fez com que as pessoas deixassem de usar dentadura e pudessem desfrutar de seus
dentes até tenra idade.
Tudo isso para dizer que,
para discutir liderança e empreendedorismo, automaticamente, as pessoas fazem
cursos de gestão, desenvolvimento estratégico, planejamento, administração.
Entretanto, é preciso incluir, como base para o crescimento, avanços emocionais
e psíquicos. Assim como tivemos avanços no esporte, na higiene, na alimentação.
O tratamento de saúde mental precisa entrar no circuito obrigatório.
Para sair de uma posição
psíquica de filho para pai ou mãe, por exemplo, não são apenas as atividades
cotidianas que mudam. É uma lógica emocional. Uma posição de liderança e
administrativa diferente que não passa apenas pelo racional. A pessoa precisa
começar a ver por uma nova ótica, um novo poder é estabelecido e suas
responsabilidades aumentam muito. A carga emocional é diferente.
Da mesma forma. Sair da
posição de estudante para a de estagiário. Ou a de funcionário para
especialista, ou coordenador e assim sucessivamente, de gerente a diretor,
mudam as funções, as reponsabilidades e o posicionamento do sujeito é outro. E
não é uma questão apenas de intelecto, aprendizagem.
Como exemplo, podemos falar
de uma professora com experiência que mantém a sala em silêncio, consegue
transmitir a matéria, incluir a participação do aluno no momento adequado e aquela
substituta que entra desavisada e sem experiência. Ela pode ter até mais estudo
do que a anterior, ter se formado em melhores universidades. No entanto, tem aí
o diferencial da experiência, a força emocional, a segurança, a visão que
ultrapassa a cartesiana.
O mesmo em uma grande
empresa. Já ouvi muitos dizerem que perderam o cargo só porque o colega era
mais amigo do chefe, fazia mais política e era mais desinibido. E como
psicanalista, digo que não era ‘somente’ por isso. Esta é a razão por
excelência que a pessoa ganhou o cargo! Pois não adianta ter apenas a parte
técnica e não ser ouvido, não ter inserção em seu meio, ter dificuldade nas
relações pessoais. O trabalho não caminha.
Este jogo de cintura,
esta forma de saber lidar faz parte do emocional mais desenvolvido. E a grande
questão é que todos podem desenvolver. Os recursos estão ai, disponíveis. Mas
ainda não existe esta unanimidade de que é condição sine qua non para crescer, fazer esse desenvolvimento
emocional.
Ao pensar em
empreendedorismo, o fator emocional cresce exponencialmente. Desde a escolha do
que fazer e qual empresa abrir até todo o processo de gerenciar e administrar,
não passam apenas pelo burocrático e pela sala de aula. Existem muitas questões
emocionais em jogo que são debatidas na Coletânea Café com Freud e Lacan.
O segundo volume é
dedicado quase que completamente ao empreendedorismo. Enumeramos, explicamos e
articulamos diversos conceitos que podem, e muito, contribuir com a vida
emocional do empresário: a inércia e a zona de conforto que faz o ser humano
ficar paralisado e não seguir o seu desejo. A sensação de mar aberto e
múltiplas opções que existe no mundo empresarial, sem um caminho certo a
seguir, o que traz medo e insegurança.
A questão do preço a
pagar. Ao escolher algo, perde-se tantas outras possibilidades. Esse é um fator
que traz muita insegurança e ansiedade, deixando a pessoa paralisada, sem
conseguir investir. Para apostar, ousar, é preciso perder algo, abrir mão e nem
sempre a pessoa está disposta. Ou mesmo, não se dá conta de que isso que a está
impedindo de crescer.
Entre tantos outros
conceitos discutidos, temos aqui as satisfações a curto prazo e os egos. A
sociedade está incentivando a satisfação a curto prazo: redes sociais,
joguinhos, drogas, bebidas, sexo rápido vindos de contatos com aplicativos; são
muitas as oportunidades de satisfações imediatas.
O que é a mais longo
prazo está sendo desvalorizado como: leitura, estudo, relacionamentos sérios, são
quase motivos de piada... desta forma, como empreender? A pessoa é capaz de
passar de 4 a 8 horas por dia em redes sociais vendo nada, mas passar de 4 a 8
horas por dia cuidando da empresa, raciocinando estratégias, falando com
profissionais, ah! Muito desgastante! E esperam o retorno imediato. Nem plantou
e a pessoa gostaria de colher ontem. Ou seja, impraticável! A realidade que não
é somente de satisfações e preenchimento do ego, deixa a pessoa arrasada,
triste e sem vontade de continuar. O que fazer?
Pegue seu Café e ótima
leitura! Vamos participar do movimento pela saúde mental e aprofundar as
questões articulando psicanálise, cotidiano e mundo dos negócios!
Fabiana
Ratti, psicóloga e psicanalista.
Organizadora
do Movimento pela saúde mental Café com Freud e Lacan.
(11)999558857 - fabianaratti@gmail.com
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