Winter, O Golfinho (2011)
é um filme norte americano dirigido por Charles Martin Smith. É um filme como
poucos... divertido, alegre e emocionante. Ele consegue falar sobre um tema
bastante difícil para a nossa sociedade, a inclusão. O filme é baseado em fatos
reais: Winter, o golfinho, foi encontrado em 2005, enroscado em uma armadilha
de caranguejo, numa praia da Flórida e levado para o Clearwater Marine Aquarium, um Hospital de criaturas marinhas. Por
ter ficado tanto tempo enroscado, é preciso amputar sua cauda, dificultando sua
forma de nadar.
No filme, ele é
encontrado por Sawyer, um menino de 11 anos, solitário e sem nenhuma motivação
para os estudos. Sawyer estabelece uma singular relação de amizade com o
golfinho, começa a frequentar o Hospital e uma nova vida se abre para ele.
Com o tempo, a
equipe percebe que algo precisa ser feito pois a forma com que Winter nada a
prejudica, atingindo sua vértebra de maneira a possivelmente matá-la no futuro.
Novamente o menino Sawyer busca uma solução para o querido golfinho. Sawyer tem
um primo que, no exército, perdeu um pé e colocou uma prótese. O menino foi
conversar com a pessoa que faz próteses e criam uma solução de prótese para o
golfinho.
A trama não se
restringe a isso. Paralelamente, o Hospital Marinho está quase para fechar, sem
verba para continuar tratando os animais enfermos. Muito possivelmente uma
construtora comprará o terreno para novos empreendimentos.
Novamente a
solução vem de Sawyer. Uma festa de arrecadação de verba para Winter e sua prótese
arremata todos os pontos da trama. Winter e sua prótese ficam famosas. Saem nos
jornais e TVs. Muitas crianças com prótese querem conhecê-la. A construtora
percebe um filão lucrativo unido à cidadania.
Smith, o diretor
do filme, consegue o que poucos conseguem. Falar de amputação de membros, reabilitação
e acesso a cadeirantes, sem cair em discussões piegas, ao contrário, deixa o
filme leve, alegre e emocionante. Com a ajuda dos ótimos atores, consegue
colocar um menino como ator principal da trama sem efeitos especiais
hollywoodianos. Pelo contrário, Sawyer tem crises de consciência, fragilidades
e age como um simples menino, inteligente e interessado, mas um menino, o que
dá maior veracidade para a trama. No começo, podemos ver que Sawyer tinha tudo para
ser o que, nos Estados Unidos, chamam de loser.
Não tinha amigos, vivia sozinho e ia mal na escola. Então, o filme aponta algo
bem psicanalítico. Quando o sujeito encontra o seu desejo, ele se transforma!
Sawyer tem talento com animais marinhos. Tem jeito e interesse. A partir disso,
sua “máquina humana” põe-se a funcionar. Sawyer passa a ter ideias,
criatividade, dedicação; estuda, faz laço social, batalha, vive!
Em Winter, o Golfinho 2, a aventura
continua tão emocionante quanto antes. O filme consegue discutir a inclusão de
pessoas e animais com necessidades especiais, além da inclusão psíquica. No
segundo filme, Winter passa por um período de depressão pois sua companheira de
aquário falece e assim, novas conquistas são necessárias. Sempre com ética,
ressalta o diretor do aquário, em uma das mais belas cenas em que um golfinho,
após o tratamento, é liberado ao mar e tem a alegria de nadar naquela imensidão,
reencontrando seu cardume.
Um filme
emocionante que fala de amizade, companheirismo, trabalho e dedicação.
Fragilidades, dificuldades e superações. Merece ser visto!
Por: Fabiana Ratti, psicanalista